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segunda-feira, 10 de março de 2014

POBRE PERSEGUIDO PERSEVERA - Apocalipse 2:8-11

A cidade de Esmirna competia com Éfeso para ser a cidade mais importante da Ásia Menor. Ainda que Éfeso fosse uma cidade extremamente rica e próspera, Esmirna rivalizava com Éfeso por ser o centro da adoração ao imperador romano. Mesmo não tendo a importância, nem o tamanho de Éfeso, a adulação/adoração à César elevava o padrão de Esmirna.
Apesar disso, a comunidade judaica tinha uma importância política e social bastante relevante na cidade. E se por um lado, como monoteístas que são e, por causa disso, não se rendendo a adoração a César, desfrutavam de certos privilégios por seguirem uma religião reconhecida pelo Estado.
E diante dessa realidade, os cristãos eram perseguidos por ambos: gentios e judeus. Isso porque, na época, o cristianismo era visto por Roma como uma seita do judaísmo. Por outro lado, o judaísmo não aceitava a mensagem do Caminho (At 9:2; 19:9) e, por isso, perseguiam a igreja.
(Ainda que esta reflexão não seja a respeito disso é sempre bom lembrar: o Estado precisa ser laico! A liberdade de culto é garantida pela laicidade do Estado. A partir do momento em que deixamos de ser um Estado laico, estamos abrindo as portas para que qualquer religião, que não a dominante, seja proibida e, até mesmo, perseguida. Se queremos continuar tendo liberdade para adorar e servir ao Senhor, precisamos garantir que o Estado seja laico.)
A perseguição na cidade de Esmirna era tão intensa que os cristãos não podiam trabalhar, negociar, ocupar cargos no governo e, muito menos, ter alguma liderança mediante às autoridades. Os cristãos de Esmirna eram lançados na prisão para aguardar seu julgamento. Muitos eram torturados e mortos por sua fé em Jesus. No entanto, o amor a Cristo dos crentes de Esmirna era tão intenso que nada disso foi suficiente para esfriar ou apagar a fé daqueles homens e mulheres de Deus. Enquanto isso, muitos daqueles que se dizem cristãos, em nosso tempo, negam sua fé por tão pouco...
Através da história da igreja, conhecemos a respeito da vida de um homem, pastor e líder da igreja de Esmirna: Policarpo. Este homem havia sido discípulo do próprio João, autor do Apocalipse, e é bastante provável que o anjo da igreja a quem a carta se destina fosse o próprio Policarpo. E que história de fé!
Policarpo foi preso e obrigado a se retratar e abandonar a sua fé. Foi levado diante de uma arena imensa, lotada de romanos e de autoridades, e forçado a dizer: "Fora com os ateus!" (Os cristãos eram chamados de 'ateus' por não reconhecerem a divindade de César). Policarpo aponta pra toda a multidão que o cercava e diz: "Fora com ESTES ateus". Diante disso, veio a sua acusacão: "Esse é o mestre da Ásia, pai dos cristãos, aquele que derruba por terra e que tem ensinado a muitos a não sacrificarem e não adorarem [a César]." A sua defesa foi: "Por 86 anos tenho servido a Cristo e ele nunca me fez mal algum. Como posso blasfemar contra o meu rei e aquele que me salvou?"
Por causa disso, foi condenado a morrer queimado, mas o que sabemos é que Policarpo zombou do fogo e alertou seus algozes a respeito do fogo do juízo eterno de Deus. Quando ele foi jogado na fogueira, o fogo fez um arco ao seu redor e Policarpo permaneceu intocável. Neste momento, um soldado o feriu com uma adaga e o matou.
Lendo a história de Policarpo, me pergunto se Jesus não teria razão quando perguntou: "Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?" (Lc 18:8). Será que nós encontramos em nós tamanha firmeza de fé?

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