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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Duplo Selo de Deus*

“Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé de alguns. Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.” – II Timóteo 2:18, 19
Naquela época, era bastante comum, principalmente entre os gregos que aceitavam Jesus, crerem que a ressurreição dos cristãos não era fisicamente, no corpo, quando Jesus voltasse. Mas era, sim, uma ressurreição espiritual que acontecia na conversão.
Apesar de uma ‘desculpinha’ muito ‘bonitinha’, não passava de uma mentirona. Essa ressurreição deveria, como a de Jesus, ser física. Afinal, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé e vã a nossa pregação.”[1]
Muitos continuam dando ‘desculpinhas’ para não viverem intensamente com Deus. E a principal é: “se eu sou, verdadeiramente eleito, vou ser salvo de qualquer jeito.” Meu, isso não é eleição. É verdade que, quase sempre (ou talvez, sempre), existe algo no homem que desagrada a Deus. Porém, a verdade sempre traz honra ao nosso Deus. E, apesar da fé de alguns ter sido abalada, o “firme fundamento de Deus” permanece inabalável. E aí está a certeza de que Deus está construindo a verdadeira Igreja.
A verdadeira Igreja tem o duplo selo de Deus, onde uma face desse selo é secreta e invisível (pois “o Senhor conhece os que lhe pertencem” e sempre os guardará) e a outra face é pública e visível (pois a ordem permanece: “aparte-se da injustiça” – tendo em sua santidade, a prova de que pertence ao Senhor).
Paulo está nos ensinando que só o Senhor conhece o seu povo, sendo que só Ele pode diferenciar o verdadeiro do falso, o joio do trigo, afinal, é só Ele que sonda os corações. Porém, nós que não vemos o coração, vemos a vida, a prática da santidade, que é a evidência fiel da condição do coração. Por isso, um selo com dois lados: o divino e o humano; o visível e o invisível. Juntos, eles apontam para o “firme fundamento de Deus”, ou seja, sua verdadeira Igreja.
Em Cristo,
Pr. Thiago Mattos.


*Baseado no Comentário da II Epístola de Paulo a Timóteo feito por John Stott, publicado pela ABU Editora.

[1] I Coríntios 15:14

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O NOVO NASCIMENTO – JOÃO 3:1-15

“O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.” – João 3:6

No artigo anterior, vimos o quanto a ação de Jesus foi ensinadora quando tratamos da antiga aliança. Jesus, na purificação do Templo em Jerusalém, estava mostrando a superação da antiga ordem. Deparamo-nos, agora, com o momento em que Jesus é colocado diante de um mestre dessa antiga aliança: Nicodemos.
Nicodemos era considerado um dos principais dos judeus, mas foi até Jesus para que pudesse entender os sinais que Cristo fazia. E o mestre dos fariseus reconhece que Jesus era enviado de Deus, porque ninguém podia operar sinais como aqueles. Porém, Jesus abala a compreensão de Nicodemos quando diz que o Reino de Deus não tinha nada a ver com os sinais, mas estava relacionado com o Novo Nascimento.
O judaísmo dos tempos de Jesus não compreendia a idéia da Regeneração (“gerar de novo”, ou seja, nascer de novo). Por isso, Nicodemos fica perplexo ao ouvir as palavras de Jesus: “Como pode suceder isto?” Mas Jesus, com muito amor, pergunta como ele não consegue compreender a obra do Espírito na vida dos filhos de Deus.Para Jesus, essa obra é bastante clara porque Ele conhecia a ação transformadora na vida do cristão, pois aquele que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.
Evidentemente, o evangelista João já havia feito menção sobre este novo nascimento na apresentação de Jesus, no primeiro capítulo, dizendo que os que crêem em Jesus são, agora, filhos de Deus pois “(...) não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”(João 1:13).
Assim como a Santificação, a Regeneração (ou Novo Nascimento) é obra do Santo Espírito em nós. Porém, é importante não confundirmos as duas coisas. A Regeneração é a obra do Espírito em nós que nos habilita a recebermos a fé. Enquanto a Santificação, é a obra do Espírito que nos faz desenvolver essa fé fazendo que caminhemos em pureza e em boas obras.
Porém, apesar de diferentes, uma não existe sem a outra. Aquele que foi regenerado está obrigatoriamente sendo santificado e aquele que não foi regenerado nunca será santificado. Precisamos compreender que se somos salvos, ou seja, se experimentamos o Novo Nascimento, devemos experimentar todos os dias a Santificação.
E é por isso que o apóstolo Paulo afirma: “(...) andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” E mais: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gálatas 5: 16 e 25). Andemos, pois, em Santidade e Avivamento.
No amor de Jesus,
Pr. Thiago Mattos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O NOVO TEMPLO – JOÃO 2: 13-22


“(...)Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.”João 2:19

O episódio da purificação do Templo aponta para o momento mais importante das nossas vidas: a morte e ressurreição de Jesus. O evangelista João fala que Jesus, ao falar do santuário destruído e reconstruído, está, na verdade, referindo-se ao próprio corpo e que os discípulos entenderam isso após a sua ressurreição. A narrativa de João é especial, justamente, por esse acréscimo que nos dá o sentido das palavras proféticas de Jesus.
Jesus era, reconhecidamente, um Rabi (um mestre). Um mestre bastante polêmico pra época, mas, ainda assim, um mestre. E, como tal, tinha autoridade para proceder da forma que entendesse correta para ensinar algo ao povo. Porém, ainda assim, aqueles que estavam no Templo pedem a Jesus um sinal que o autorizasse a agir daquela forma. E então, Jesus diz as palavras acima destacadas.
Evidentemente, Jesus está usando a figura do Templo apenas como metáfora para aquilo que realmente ele estava fazendo. Jesus não promete outro Templo, mas chama seus ouvintes para ver a real purificação, que apontava para a substituição e abolição do sistema de culto religioso que tinha seu centro no Templo. E, assim, um novo “Templo” entra no lugar do antigo.
Além disso, Jesus aponta para um outro detalhe, que algumas vezes nos parece imperceptível: O Templo destruído era feito com as mãos dos homens, mas a reconstrução, a nova edificação é realizada pela mão poderosa de Deus! A profecia de Cristo é associada, além da superação do sistema religioso judaico, à morte e ressurreição de Jesus. Jesus estava demonstrando que a nova aliança era infinitamente superior a antiga, uma vez que o Templo, centro da antiga aliança, levou 46 anos para ser construído, mas, mesmo assim, viria ao chão. Por sua vez, o Novo Templo, edificado pela mão de Deus em três dias, permaneceria para sempre.
Jesus, assim como purificou ‘fisicamente’ o Templo, espiritualmente deu início a uma purificação superior da qual todo o seu Corpo, a Igreja, seria beneficiada. Precisamos, a cada dia, vivermos puros diante do nosso Deus. Essa pureza não tem nenhuma associação com falta de pecados, mas toda associação com a consciência de que Jesus morreu e ressuscitou para nos purificar de toda a injustiça. E, nisso, caminhamos com o viver puro. Essa santidade é o que buscamos. Esse avivamento é o que procuramos. Que o Novo Templo, reconstruído em três dias, nos leve a um novo começo de santidade e avivamento.
Em Cristo,
Pr. Thiago Mattos.